domingo, 26 de julho de 2009

5 - O simples e o complexo na arte!

5 - O simples e o complexo na arte!
Vida é detalhe! A percepção que tu tens da vida dependerá da intensidade de valores que aplicas à ela. A partir disto receberás respostas mais ou menos complexas, a tua satisfação e por conseqüente felicidade será mais ou menos ampla. Quanto maior o investimento que puseres em determinado projeto mais expectativas serão criadas em torno dele, a partir destas expectativas formularás uma quantidade específica de satisfação ou frustração ao final do projeto conforme os resultados obtidos.
Quando utilizo o termo “projeto”na verdade me refiro à tudo o que possa existir na vida. Por exemplo: A importância que doas à uma pessoa definirá o quão estreita é a relação de vocês, na verdade é você que deve enxergar esta importância, no entanto há momentos em que parecemos não querer enxergar a importância de cada pessoa e acabamos por desmerecê-la, fazendo com que a relação seja indiferente chegando às vezes à uma inimizade mascarada ou mesmo muito bem expressa. Quanto mais detalhes você percebe nesta pessoa com relação à sua psique ou às suas feições físicas de maneira fidedigna você notará a sua realidade verdadeira. Chamamos de vida o que é a realidade verdadeira.
Na arte temos uma clara visão de que a vida está no detalhe, as minúcias fazem da vida uma experiência mais complexa. Ainda que nas coisas simples possamos encontrar valores dos mais belos e dignos são nos detalhes que esta beleza e esta dignidade são aprofundados à um nível acima. A exaltação em um nível máximo deve buscar a perfeição, portanto a complexidade, pois esta é uma labuta incessante do espírito em busca dos valores mais profundos e detalhados dos sentimentos humanos, possivelmente através das artes.
Os sentimentos religiosos são bastante fortes, no entanto de grande simplicidade, são perenes e por isto têm um valor incomensurável. Os sentimentos artísticos podem ser alinhados com os religiosos ou não dependendo de suas constituições, no entanto é fato que, por vezes, são de maior complexidade pelo fato de se aliarem à uma concepção filosófica da vida, ainda que a religião, por si, já represente uma unidade hermética de pensamento filosófico. O fato é que o pensamento filosófico da religião é estagnado possuindo menor liberdade de direcionamento e encaminhamento enquanto que o pensamento filosófico humano não está vinculado à qualquer sistema podendo perambular livremente por onde bem entender, não possui com antecedência quaisquer conselhos ou ideais, é por isto que a mente do artista não religioso divaga por lugares variados, dependendo da realidade momentânea a arte sairá tal como está o pensamento, digo num nível do super-consciente. O artista religioso não pode impor sua realidade psiquica à obra de arte como bem entender, se seus pensamentos e sentimentos estiverem naturalmente concordantes com a pra’tica e estudo religioso ele poderá transpor sua realidade à obra, do contrário terá de adaptar os conceitos religiosos à sua psique, podendo por sito criar certo atrito, ou modificará a psique absorvendo a realidade religiosa ou fará a obra mesmo emotivamente não estando concordante com ela, num nível consciente pode não ter esta percepção.
De qualquer modo os detalhes descrevem quanta vida interna o artista conseguiu extrair para fora em forma de temas e motivos musicais, desenhos ou pedra talhada. É através destes valores internos que percebemos o mundo externo, o mundo externo é um só, no entanto os valores internos são mais ou menos complexos de modo que cada pessoa percebe um mundo mais ou menos vivo, pois a vida está na capacidade de extrair os detalhes do mundo.
A percepção detalhada do mundo é pois o pressuposto da vida num patamar mais alto de contato com a realidade. Todos os tipos de valores podem ser vistos sob a interpretação simples ou complexa. Os diferentes tipos de expressão artística formam uma variedade na qual estão dispostas ferramentas expressivas mais ou menos complexas. O homem que têm uma percepção mais complexa do mundo, por causa de seus valores internos mais elaborados e minuciosos exige da mesma maneira, quando quer se expressar, meios de expressão tão mais complexos quanto seja sua percepção do mundo.
Tocar um tambor, por exemplo, é consideravelmente mais simples que tocar piano, ainda que possa dentro de sua realidade ser feito de maneiras distintas num grau de dificuldade que se eleva até certo ponto, mas deste ponto não passa, é evidente que o piano chegará num maior patamar de complexidade, mesmo considerando o grau máximo do tambor. Há a ressalva de que o piano pode ser tocado de maneira mais simples que o tambor dependo da habilidade do músico. Falando-se de expressão dos sentimentos pode-se dizer que o fato de um instrumento estar sendo tocado de maneira mais simples não indica que o grau de afetação sentimental seja menor, pois grau de complexidade não necessariamente condiz com grau de afetação sentimental.
Por isto quando vemos um músico compondo, ou interpretando uma música não devemos analisar somente a música senão também o grau de afetação sentimental do músico, para assim interpretar da maneira mais realista possível o que naquele momento ocorre. Estes fatos fazem muitas vezes com que um samba de bar emane uma quantidade de energias psíquicas muito mais altas que um requintado ambiente com músicos eruditos. Ou seja: Recursos musicais mais limitados em grau de complexidade com músicos de reverberação sentimental mais intensa.

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